sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Brasil quer ser Estados Unidos



Uma nota controversa que nos compartilhem, esperamos que nossos amigos brasileiros que nos seguem possam nos dar sua opinião*:

Os habitantes do bairro São Miguel da Ciudad del Este (Paraguai) não podiam acreditar por estarem recebendo fogo 'amigo' desde o lado do rio que pertence ao Brasil. Era Outubro de 2010 e durante 3 horas, os agentes do país vizinho se enfrentaram com um grupo de contrabandistas sem que uma só autoridade paraguaia se atrevesse a mostrar o nariz. Se neste fato - que relata o jornalista Andrés Colmán -, as forças de segurança brasileiras dispararam desde a beirada, parece que preferem cruzar a fronteira.

No início deste mês de Agosto de 2012, uns 100 agentes civis e militares brasileiros entraram no território peruano e destruíram, segundo a informação oficial, uns 100 hectares onde se cultivava coca para uso permitido. A operação, denominada Trapecia, se lançou desde Tabatinga, na triple fronteira amazônica de Brasil com Colômbia e Perú, e contou com a inestimável ajuda de agentes colombianos e estado-unidenses.

Esta violação da soberania territorial de Perú era consentida, já que o presidente Ollanta Humala firmou um acordo bilateral que permite Brasil perseguir o narcotráfico mais além de suas fronteiras. Vários policiais peruanos mostraram seu incômodo à Folha de São Paulo, diário que tornou públicos estes fatos, mas não se atreveram a criticar abertamente a operação. A Operação Trapecia não é um fato isolado.

Explica Folha que entre os agentes brasileiros a nova estratégia policial e militar é conhecido como "nosso Plano Colômbia", em referência à multimilionária intervenção militar dos Estados UNidos na Colômbia com a desculpa do narcotráfico e que, como publicamos esta mesma semana em Otramérica, esconde outras intenções mais além da perseguição do tráfico de narcóticos.

O poder do Brasil na região é já inquestionável. Ao controle político e econômico de instâncias regionais de integração como Unasul ou Mercosul, há que somar a pressão direta sobre os vizinhos. A Bolívia está enredada em um grave conflito interno pela construção de uma estrada através do parque TIPNIS para satisfazer os interesses do Brasil; Paraguai vê como seus territórios fronteiriços são espaço de colonização para a agroindústria brasileira e estados menores como Suriname ou Guiana buscam a bênção de Brasília para incorporar-se ao Mercosul e ao macroprojeto de Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sulamericana (IIRSA) que foi assumido como próprio Unasul.

Mais além das fronteiras

É público o Plano Estratégico de Fronteiras anunciado pela presidente do Brasil, Dilma Rousseff, em Junho de 2011. Este plano é paerte da Estratégia Nacional de Defesa (END) aprovada em 2008 durante o governo de Lula da Silva e que está propondo um forte rearmamento do Brasil assim como uma modernização das Forças Armadas, que já contam com uns 320.000 efetivos e com um plano de intervenções que ronda os 30 bilhões de dólares. O pressuposto das Forças Armadas somente para 2012 é de 34.965 milhões de dólares (1.7% do PIB, frente o 0.9% de gasto militar da Venezuela ou Argentina, e os 3.7% da Colômbia ou od 3.2% do Chile).

"O Amazonas e a Amazônia Azul [a 'zona especial econômica' nas águas brasileiras] são áreas de vital importância estratégica por seus recursos naturais, e nos preocupa o que pode acontecer com elas no futuro, por isto estamos transferindo unidades para essas regiões, criando pelotões de fronteira, patrulhas fluviais e estabelecendo novas bases", explicava alguns meses atrás ao diário La Nación José Carlos De Nardi, chefe do Estado Mayor Conjunto.

Mas o desenvolvimento amazônico inclui as incursões em países terceiros. Brasil já tem firmados acordos que permitem este avanço com Perú, Paraguai, e Bolívia. Com este último país se dá p paradoxo de que enquanto La Paz expulsou a DEA (a questionada agência estado-unidense antidrogas) do país, está permitindo o monitoramento brasileiro dos cultivos de coca para uso clandestino, mas com tecnologia de Washington.

Segundo autoridades do subimpério brasileiro, estas incursões são especialmente importantes nestes três países já que 54% da cocaína que se consome no Brasil vem da Bolívia, 38% chega de Perú, e a maioria da maconha vem do Praguai.

Militarização

Além dos operativos transfronteiriços, as forças de segurança brasileiras mantem a Operação Permanente Centinela, de monitoramente, e as Operações Ágata (pontuais e fronteiriças, mas sem abandonar seu território). A última operação Ágata (5) começou em 7 de Agosto na fronteira sul (com Argentina, Bolívia, Paraguai, e Uruguai) e nela se colocaram 10.000 efetivos. A respeito, o jornal paraguaio La Nación titulava alguns dias atrás: "O desenvolvimento militar brasileiro oprime o comércio na fronteira". Em Maio tinha desenvolvido Ágata 4 que supõe-se 8.600 efetivos entre civis e militares, 11 botes, nove helicópteros e 27 aviões nas fronteiras com a Venezuela, Suriname, Guiana, e Guiana Francesa, em uma área superior a 5.000 km².

Há previstos mais medianos. Por exemplo, Brasil já comprou Israel 9 dos 14 veículos aéreos não tripulados (VANT) que pretende operar na fronteira Sul, segundo informe La Nación da Argentina. Também se espera que Dilma Rousseff decida de quem compra os 36 aviões de caça (a disputa comercial está entre a estado-unidense Boeing-F-18 Super Hornet -, e a sueca Saab - Gripen NG - ou a francesa Dessault - Rafale F3) destinados ao controle fronteiriço.

Para completar o panorama, a modernização das forças armadas inclui a criação do Centro de Defesa Cibernética, o Sistema Integrado de Monitoramente de Fronteiras (Sisfron), o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (Sisgaaz), e o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (Sisceab).

A possibilidade de defender sua soberania de muitos dos vizinhos do Brasil (que tem 16.800 kilômetros de fronteiras com outros 9 Estados independentes) é limitada e as aspirações globais do gigante do Sul se concretam cada dia mais apoiando-se no seu poder econômico e militar.

*Esta notícia foi via Agencia Nacionalista de Noticias, criada pela Otramérica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário