quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O desertor sem rosto da TV síria: a desinformação mais descarada

No conflito sírio são cada vez mais frequentes rastros de uma das armas mais letais do século XXI: a informação distorcida. Tal como ocorreu na Líbia, alguns meios ocidentais e árabes deturpam a realidade síria a favor dos rebeldes.

Ghatan Sleiba. Alguns meios ocidentais se sentiram atraídos por esse nome como abelhas pelo mel. Sleiba se apresentou como ex de um alto cargo, apresentador de televisão e correspondente de duas redes vinculadas ao governo sírio, que, segundo o "The Guardian", decidiu se mudar para o bando rebelde.

A rede BBC não hesitou em por sua câmera diante este testemunho para contar de como não pode suportar as exigências de propaganda do regime e como, supostamente, fugiu para a Turquia após ter vazado informações sigilosas para os opositores.

Os funcionários da rede Al Ajbaría, um dos canais onde Sleiba alega ter trabalhado, dizem que jamais entrou pela porta.

"Suas declarações de que trabalhava como correspondente no canal Al Ajbaría são uma mentira. Faz um ano e meio que ele enviou ao canal um teste, mas não lhe deram o emprego", disse o redator chefe, Mustafá Al Ali.

"Ele é um personagem mítico que vive em um conto inventado por ele mesmo, em que se imagina que trabalha no nosso canal Al Ajbaría. Durante todo tempo em que trabalhei aqui nunca o vi, nem sequer escutei ninguém mencionar seu nome", recorda Aridj Farzali, um apresentador da rede síria.

Tão pouco parece Sleiba ter colaborado com a Addounia TV, outra das emissoras que menciona. Esta informação foi confirmada por um de seus executivos em uma conversa telefônica com o RT.

A divulgação momentânea desta lendária biografia tem muito a ver com a ansiedade de alguns meios em salientar determinado enfoque aos acontecimentos na Síria.

Assim, blogueiros "pegaram" o jornal austríaco "Die Kronen Zeitung" usando o Photoshop na cobertura do conflito armado no país, tornando a foto original de um casal com um bebê em torno da cidade em uma imagem perturbadora.

A imagem era acompanhada pela informação de que o exército de Assad se dirigia a Alepo com veículos de combate.

"Estamos ante um processo de desestabilização em que as potências estrangeiras e seus aliados internos, sejam eles grupos armados, Exército Livre da Síria ou o Conselho Nacional Sírio, estão atacando por todas as frentes possíveis", opina o jornalista  independente Fernando Cesares.

O especialista afirma que tais ataques se enquadram em um "processo de legitimação midiática a nível global para agir fora da ONU."

Os golpes baixos para impor uma visão, e, assim, fazer pender a balança da opinião pública, e foram testados no cenário líbio. Assim, durante a revolta contra o coronel Gaddafi, vários canaisde transmissão no Oriente Médio mostraram um vídeo sobre o cerco de Trípoli pelos rebeldes que se revelaram falsas.

Até mesmo os escritores e diretores, no caso da Síria são os mesmos. Recentemente várias agências de notícias locais afirmavam que no Qatar uma equipe especializada em sets de filmagem erguia supostos bairros de Damasco e outras cidades importantes da Síria. Objetivo, segundo afirmavam, era rodar reportagens falsas sobre o conflito com ajuda de atores.

Nas guerras modernas a informação é uma arma poderosa, assim como nos filmes hollywoodianos, o que acontece na tela tem popuco a ver com a realidade. Por isso não surpreende que no mundo contemporâneo e ante a avalanche de notícias, seja bastante fácil fazer o preto parecer branco.

RT
Al igual que en las películas de Hollywood, a veces lo que pasa en la pantalla tiene poco que ver con la vida real. Por eso no sorprende que en el mundo contemporáneo y ante la avalancha de titulares, resulte bastante fácil lograr que lo negro parezca blanco

Texto completo en: http://actualidad.rt.com/actualidad/view/50474-El-desertor-sin-rostro-de-tele-siria-cara-m%C3%A1s-dura-de-desinformaci%C3%B3n

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