sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A guerra no Mali e a agenda da AFRICOM


Mali, a primeira vista parece um lugar pouco provável para que as potências da OTAN, lideradas por um governo neo-colonialista francês do presidente socialista François Hollande (e silenciosamente apoiado pela administração de Obama), ponham em marcha o que se denomina por alguns de uma nova Guerra dos Trinta Anos contra o Terrorismo.

Mali, com uma população de uns 12 milhões, é um país sem litoral e em grande parte ocupado pelo deserto do Saara, no centro da África ocidental, limita com Argélia ao norte, Mauritânia ao oeste, Senegal, Guiné, Costal do Marfim, Burkina Faso e Niger em sua parte sul. O povo que passou tempo ali antes dos recentes esforços liderados pelos Estados de desestabilização chamou como um dos lugares mais tranquilos e belos da terra. Seus habitantes são em uns 90% muçulmanos de múltiplas opiniões. Conta com uma agricultura de subsistência rural e o analfabetismo adulto é quase 50%. Sem embargo, este país logo é centro de uma nova "guerra global contra o terror".

Em 20 de Janeiro o primeiro ministro britânico David Cameron anunciou a curiosa determinação de seu país em dedicar-se a fazer frente à "ameaça terrorista" em Mali e no norte da África. Cameron declarou "se requerirá uma resposta que se tratará de anos, inclusive décadas, em lugar de meses, e requere uma resposta forte de resolver..." Grã Bretanha em seu apogeu colonial nunca teve uma participação no Mali. Até que conquistou independência em 1960, Mali era uma colônia francesa.

Em 11 de Janeiro, depois de mais de um ano da pressão oculta na vizinha Algéria para enganchá-la em uma invasão da vizinha Mali, Hollande decidiu fazer uma intervenção militar francesa direta com o apoio dos EUA. Seu governo lançou ataques aéreos no levante rebelde norte do Mali contra um grupo fanático salafista de degoladores jihadistas que chamam-se de Al Qaeda no Magreb islâmico (AQIM). O pretexto por uma rápida ação francesa foi uma movimentação militar por um grupinho de jihadistas islâmicos do povo Tuareg, Asnar Dine, afiliado com a maior AQIM. Em 10 de Janeiro Asnar Dine - encobertada por outros grupos islâmicos - atacou a cidade sulista de Konna. Isto marcou a primeira vez da rebelião de Tuareg no início de 2012 que os rebeldes jihadistas saíram do território  tradicional Tuareg no deserto nortenho para espalhar a lei islâmica ao sul do Mali.

De acordo com Thierry Meyssan, forças francesas foram bem preparadas: "O presidente transitório, Dioncounda Traore, declarou um estado de emergência e chamou a França para ajudar. Paris interviu dentro de horas para prevenir a queda da capital, Bamako. Clarividente, o Elysée prontamente preposicionou em Mali tropas da primeira Regimento de Paraquedistas da Infantaria Marinha ("os colonialistas") e o décimo terceiro Regimento de Paraquedas Dragoon, helicópteros da COS (Comando de Operações Especiais), três Mirage 2000D, dois Mirage F-1, três C135, um C130 Hércules e um C160 Transall"[2] Que coincidência conveniente.

Por 21 de Janeiro a aviões de transporte da Força Aérea dos EUA começaram a transportar centenas de soldados de elite franceses e equipamento militar para Mali, ostensivamente para reverter o que foi dito como avanço terrorista descontrolado no sul em direção à capital do Mali.[3]. o Ministro de Defesa francês Jean-Yves Le Drian contou à mídia que o número de 'botas no chão' em Mali chegou a 2.000, acrescentando que "em torno de 4.000 tropas estarão mobilizados para esta operação", em Mali fora das bases[4].

Mas há fortes indicações de que a agenda francesa no Mali é tudo, menos humanitária. Em uma entrevista para France 5 TV, Le Drian cuidadosamente admitiu "o objetivo é a total reconquista do Mali. Não deixaremos nada". E o presidente François Hollande disse que as tropas francesas permaneceriam na região tempo o bastante para "derrotar o terrorismo". Os EUA, Canadá, Reino Unido, Bélgica, Alemanha e Dinamarca todos disseram que apoiariam a operação francesa contra Mali[5].

Mali, como muitos da África é rico em matéria-prima. Tem amplas reservas de ouro, urânio e mais recentemente, embora as companhias ocidentais de petróleo tentam esconder, petróleo, muito petróleo. Os franceses preferiram ignorar os recursos do Mali, mantendo como um país pobre de agricultura de subsistência. Sob o prediente Amadou Toumani Toure, deposto e democraticamente eleito, pela primeira vez o governo iniciou um mapeamento sistemático da vasta riqueza sob seu solo. De acordo com Mamadou Igor Diarra, o anterior ministro de minas, o solo de Mali contém cobre, urânio, fósforo, bauxita, pedras preciosas e, principalmente, alta porcentagem de ouro, óleo e gás. Assim, Mali é um dos países no mundo com a maior parte de matéria-prima. Com suas minas de ouro, o país é já um dos líderes exploradores, logo atrás da África do Sul e Gana[6]. Dois terços da eletricidade francesa é de poder nuclear e recursos de urânio são essenciais. Atualmente, a França extrai significante quantidade de urânio de Niger.

Agora a figura fica um pouco complexa.

De acordo com especialistas confiáveis geralmente ex-militares dos EUA com familiaridade direta na região, que falaram em anonimato, os EUA e as forças especiais da OTAN de fato treinaram os mesmos grupos "terroristas" para justificar uma invasão neo-colonialista francesa apoiada por EUA. A pergunta mais importante é "por que Washington e Paris treinam terroristas que agora estão atuando para destruir em uma "guerra contra o terror"?" Estavam muito surpreeendidos pela falta de lealdade da OTAN de seus alunos? E o que há por trás do respaldo dos EUA da AFRICOM na tomada do Mali pela França?

Leia o artigo completo em Globalresearch

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