sábado, 20 de abril de 2013

Por que Boston celebra a Lei Marcial com cantos de "USA, USA!" ?



Obama: “O povo de Massachussetts agora tem uma dívida gratidão com as forças de polícia locais e federais”.

Noite passada, em Boston, seguindo a prisão do estudante e suspeito de 19 anos, Dzhokhar Tsarnaev, multidões saíram às ruas de Watertown e de bairros próximos, celebrando o que eles acreditavam ter sido o fim de uma difícil provação que começou na segunda-feira.

No que parecia mais como uma celebração de fim de jogo seguindo [a vitória] do Boston Celtics na NBA, ou uma vitória do Red Sox no World Series – a mídia de massas relatou a demonstração comunitária de orgulho nacional, onde os moradores podiam ser vistos com rostos pintados, brandindo bandeiras estadounidenses e ouvidos gritar “USA, USA”.


                Como a sexta-feira se tornou um imenso “momento patriótico” para o povo de Boston? Isto foi algum tipo de vitória para os Estados Unidos?

                O presidente Obama também emergiu da “The Situation Room” [‘A Sala da Situação’, em tradução livre] de uma maneira tipicamente hollywoodiana, para informar as pessoas da Nova Inglaterra que eles “agora têm uma dívida gratidão com as forças de polícia locais e federais”.

Isto foi mesmo um sucesso?

O Voice of America chamou [a situação] de “Uma Semana de Terror” em Boston.

                Mas além de reunir as massas na hora, muitos ainda estão por perguntar sobre as 9.000 [pessoas] das forças militares, “O que eles realmente fizeram até agora?”.

                Parece que o maior arrastão urbano da história dos EUA não conseguiu achar o suspeito, que foi eventualmente encontrado por um vizinho em uma pausa para fumar.

                O que está obviamente claro pela reação do público e pelas incessantes aparições grandiloquentes por um punhado de oficiais em múltiplas entrevistas coletivas, é que o povo de Boston foi condicionado a acreditar que uma imensa demonstração de força pela polícia e pelos militares era necessária para que eles “se sentissem seguros”.

                Para oficiais federais e locais, este foi o seu próprio “momento Katrina”, e o circo midiático viu inúmeros indivíduos e departamentos quase competindo por tempo de transmissão, em uma tentativa de fazer a sua própria ponta da crise relevante enquanto os holofotes da mídia nacional ainda estavam frescos. As palavras do antigo chefe de funcionários da Casa Branca, Rahm Emmanuel, podem ser ouvidas ecoando por Boston:

Nunca deixe uma boa crise ir para o lixo”...

A cidade do Boston foi efetivamente fechada sob um dito ao estilo militar que incluiu o fechamento do sistema de transporte público MBTA da cidade, taxis tirados de circulação, toque-de-recolher restrito, fechamento de bancos, fechamento de negócios, e algo que não foi reportado,  mas que é pouco surpreendente, a ordem militar para que a polícia de Boston scannease as comunicações durante as primeiras horas da manhã de sexta-feira. Motoristas que estivessem entrando ou saindo das avenidas da cidade podiam ver as placas que relatavam em letras brilhantes, “Toque-de-Recolher em vigor em Boston”, que era uma ordem para se manter dentro de casa.


Garoto preso ainda é apenas “um suspeito”

                Aqui outro ponto que parece ter escapado a todo mundo, do presidente para baixo – o garoto de 19 anos sob custódia ainda é apenas “um suspeito”. Após a maior caçada humana da história da Nova Inglaterra, com um número estimado de 9.000 entre policiais locais e federais, centenas de trabalhadores de esquadrões anti-bomba e franco-atiradores da SWAT, especialistas anti-terrorismo e um contingente visível de veículos militares – espalhados por toda a Boston, conduzindo buscas de casa-em-casa, patrulhando as vizinhanças da cidade – o jovem de 19 anos, campeão de luta greco-romana da escola e estudante da University of  Massachusetts Dartmouth e fugitivo, Dzhokhar Tsarnaev, foi milagrosamente encontrado a apenas algumas quadras do lugar do tiroteio da noite de 18 de abril. Ele, então, foi transferido para um hospital local e informa-se que esteja em condições severas, dado a um ferimento de bala sofrido 24 horas antes.

                Foi um espetáculo bizarro – até para os padrões estadounidenses, onde, sob um mandato federal, a cidade de Boston ficou sobre um lockdown completo por aproximadamente dois dias, decretando o que se tornou Lei Marcial, para prender um suspeito de 19 anos, quem, baseado nas afirmações de todo fiel em todas as redes locais e principais (assim como da Casa Branca), já havia sido marcado para ser o fugitivo mais perigoso da história dos EUA. Mesmo após ser descoberto quase morto devido a uma hemorragia debaixo de uma lona que cobria o barco de alguém num quintal de Sommerville, o frenesi de informações continuava, junto com louvores e tributos para a bravura dos “melhores 9.000 de Boston”.


Dizer que tudo isso é um exagero, é, com certeza, subestimar [a situação], mas mais do que qualquer coisa, isso confirma o que muitos já suspeitavam – que em face de qualquer ameaça – real ou inventada, e após armar com a máquina corporativa de notícias e o Novo Estado Policial Estadounidense, e de forma macabra, que se tornou bastante singular no imaginário popular estadounidense do pós- 11 de setembro – eles [o povo] irá clamar pela Lei Marcial em suas comunidades. Naturalmente, e com este exemplo oferecido como prova clara, as autoridades, tecnocratas e os arquitetos do novo Estado Policial Estadounidense, agora sabem que este é o caso.

                Por tudo isso, parece que o Comandante em Chefe sente que os EUA agora têm uma “dívida de gratidão” para com este mais abrangente Estado Policial.

Quem se beneficia?

                Quem se beneficia dos eventos dessa semana? O povo de Boston ou os estadounidenses se beneficiam dos eventos dos últimos dias? Enquanto a poeira abaixa, há alguns poucos beneficiários claros deste lamentável incidente.

                O governador de Massachussetts, Deval Patrick, tirou vantagem de seu próprio “Momento Chris Christie” (da fama [trazida] pelo Furacão Sandy em Nova Jersey), sem dúvidas com o olhar apontado para uma futura corrida presidencial. O Chefe de Polícia de Boston, Ed Davis, também conseguiu estar defronte à mídia nacional, mas com muito pouco a dizer... que valesse a pena ser dito.




                Após esse evento, a TSA [Administração de Segurança dos Transportes] e o DHS [Departamento de Segurança Nacional] vão, quase que certamente, conseguir nova jurisdição sobre todos os grandes eventos esportivos profissionais e universitário, assim como qualquer grande reunião pública, festivais e shows. Sob a luz do recente debate sobre o sequestro de orçamento em Washington DC, pode-se também esperar que os seus orçamentos operacionais irão se expandir, o que significa que muitos bilhões a mais serão premiados em contratos federais desses departamentos. E indústria de vigilância também se beneficiará.

                Em um bloco que foi ao ar esta manhã no MSNBC’s Rock Center, um expert em assuntos estrangeiros” da rede, Richard Engel, afirmou que os eventos das últimas 48 horas, de algum modo, tinham sérias “implicações na segurança nacional”. Agora os estadounidenses podem esperar novos poderes, passados pela lei ou por ordem executivo, que vão dar ao estado um aumento de poder para espionar suas vidas privadas a apreender suas propriedades ou ativos, sob a sempre-expansiva bandeira da segurança nacional.

Vivendo na bolha estadounidense

                Levando em conta as implicações de segurança nacional, os estadounidenses e seus experts da mídia podem considerar que apenas durante essa semana: bombas terroristas mataram centenas de civis inocentes, incluindo: 75 no Iraque, 18 no Paquistão, 35 na Somália – com centenas de outros mortos, feridos e mutilados nesses países, assim como outros na Síria, Bangladesh, Mali e Tailândia. Com o passar de um ano, essas figuras podem ser multiplicadas por duzentos.

Também deve ser apontado aos experts e ao povo de Boston, que muitos dos terroristas em atividade nesses países estrangeiros não estão sendo apenas fomentados, mas financiados e, ao menos no caso da Síria – ativamente ajudados com os dolars do contribuinte, e cinicamente usados para influência política da Administração local, estadual e da Casa Branca nos Estados Unidos – para assegurar o fundo [anti-]terror nos EUA, que se tornou a maior “história-para-boi-dormir” na história doméstica dos EUA.

Suspeitos já cansados na mídia

                Para além de todo esse frenesi e achismo que continuou pelo super-ciclone dos EUA essa semana, parece que os maiores interessados ainda precisam pedir qualquer evidência que prove que esses dois irmãos sejam os verdadeiros terroristas. Nenhum dos dois suspeitos se encaixam em nada que pareça o perfil de um terrorista, nem é verossímil que eles tivessem os meios de executar a operação que tomou lugar na última segunda-feira.


Para aqueles cientes deste fato, há muita evidência aqui e aqui que sugere que eles talvez não sejam os culpados pelas bombas da Maratona de Boston da segunda-feira.

                Mais interessante, o expert da MSNBC, Engel, deixou escapar na transmissão que o suspeito número dois, Dzhokhar, que agora está internado em um hospital, “estava provavelmente sendo interrogado”. Esta foi uma estranha frase para descrever um suposto terrorista fugitivo.

Perguntas não esclarecidas

                Há muitas perguntas deixadas sem resposta pelos investigadores federais e pela mídia, que parecem estar bem felizes em deixar a história como está agora...

                Primeiramente, por que um cidadão saudita foi permitido pelas autoridades federais de deixar [a cidade] mais cedo e voar para a Arábia Saudita.

                Por que os dois irmãos foram subitamente taxados como os principais suspeitos na quinta-feira, substituindo os outros dois nomes perseguidos pela polícia de Boston, e que foi imediatamente seguido por um tiroteio... uma mera coincidência, ou há algo que foge da primeira análise?

                Além desses quarto nomes, uma lista de nomes completamente diferente apareceu cedo na terça-feira e também desapareceu no dia seguinte.

                Por que os “contratados” como segurança foram vistos de pé ao lado das bombas na linha de chegada, e vistos deixando rapidamente o lugar antes das bombas detonarem?

Também, por que o FBI falsificou o video de vigilância dos irmãos Tsarnaev que eles mostraram dois dias atrás?

                O irmão mais velho, Tamerlan, tinha um treinador do FBI antes desse evento? A resposta parece ser sim. A mãe do suspeito morto afirmou que seu filho já estava sendo vigiado pelo FBI por cinco anos.

                Durante uma entrevista exclusive ao RT ontem, a mãe dos garotos Tsarnaev explicou, “Ele [estava sendo] controlado pelo FBI por três, cinco anos”.

                Ela disse também, “Eles sabiam o que meu filho estava fazendo, eles sabiam suas ações e quais sites de internet ele visitava. Eles vinham e falavam comigo, me dizendo que ele era realmente um líder sério e que estavam com medo dele”.

                Obviamente, o povo de Boston e dos EUA ainda não fizeram as perguntas certas até agora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário